Qual é o ponto de equilíbrio em que a empresa gera ganhos para seus sócios e investidores, e, ao mesmo tempo, assegura uma gestão responsável dos pontos de vista social e ambiental? Essa foi uma das questões centrais discutidas na Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental, realizada de 2 a 4 de agosto, no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo.
O evento, que se tornou uma súmula das mais recentes discussões sobre o papel do setor privado na construção de uma sociedade mais sustentável, reuniu lideranças empresariais pautadas em se articular, cooperando mutuamente para a busca de soluções. “Vivemos um período histórico, em que começamos um processo irreversível de responsabilização”, afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, no início do evento.
Assim, um questionamento se tornou evidente: como ganhar dinheiro, ao mesmo tempo em que se respeita o meio ambiente, atuando de maneira socialmente responsável? Para dois líderes empresariais brasileiros, como Fabio Barbosa, presidente do ABN Amro Real Bank, e Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, esses interesses não são conflitantes.
Convidados a participar em mesas de debate distintas, os dois empreendedores foram enfáticos ao dizer que, ao contrário do que se costumava pensar, o investimento socioambiental, aliado a novos padrões de governança, é imprescindível. “Os negócios dos negócios são negócios sustentáveis. Uma empresa não pode pensar em sobreviver no mercado hoje sem se ater a isso”, explicou Barbosa.
Já Amoroso, que concentrou sua fala na atuação do Grupo Orsa no Norte do Brasil, mostrou que, ao investir 1% do lucro líquido da holding em projetos socioambientais, o grupo cresceu mais. “Não há nada que mostre que o crescimento da empresa não esteja ligado ao êxito da fundação e de sua contribuição nos negócios”, lembrou Amoroso.
Intersecção – A Mostra também contou com a participação do sócio da PricewaterhouseCoopers, celebrado pelos mais otimistas como o “guru da Nova Economia”, o americano Andrew Savitz. Em sua palestra Equilíbrio Econômico, Social e Ambiental: A Nova Economia, ele apresentou seu conceito de sweet spot (ponto doce, em uma tradução livre).
Segundo ele, a nomenclatura deve ser entendida como o ponto de equilíbrio em que a empresa gera ganhos para seus sócios e investidores, e ao mesmo tempo assegura uma gestão responsável dos pontos de vista social e ambiental. Assim, as empresas que se atêm à exploração dos recursos humanos e naturais são empreendimentos insustentáveis, que encontrarão cada vez menos espaço num mundo em que a pressão de acionistas, investidores e consumidores por um comportamento social e ambiental responsável é crescente. “Sustentabilidade não é filantropia. Estamos falando de preservar, gerir e fazer bons negócios”, argumentou.
O palestrantes faz uma linha do tempo para os participantes, na qual indicou as profundas diferenças na forma de gerir os negócios ocorridas nas últimas décadas. “Nos anos 50, esperava-se que as empresas ganhassem dinheiro e fizessem filantropia. Nos anos 70, começaram a ser incorporadas as idéias de proteger o meio ambiente e assumir uma maior responsabilidade pelos produtos. Hoje, as empresas são cobradas para que promovam a diversidade, ajudem a recuperar o meio ambiente, combatam o trabalho infantil, monitorem a cadeia de suprimentos, promovam a saúde pública, gerem empregos e levem desenvolvimento para as comunidades em que atuam. E, é claro, precisam continuar ganhando dinheiro”, explicou.
Fonte: Rede GIFEONLINE – 06/08/2007