Confira texto publicado no Blog da HSM, que reflete como realizar a medição de valores nos tempos atuais, as mudanças ocorridas com as novas tecnologias e como os negócios são avaliados.
Há cerca de um ano e meio atrás, a Microsoft apresentou proposta de aquisição do Yahoo. A oferta foi de 44,6 bilhões de dólares o que equivale a 31 dólares por ação, um ágio de 62% com relação ao preço de fechamento das ações do Yahoo na Nasdaq, no dia 31/01/2008.
Daí vem as perguntas: “Quanto vale uma empresa da nova economia? Como medir o seu valor nos tempos atuais?”.
Para isso, precisamos entender a mudança que estamos passando atualmente na economia e na sociedade. Uma transformação que, segundo Peter Drucker, iniciou-se há, pelo menos, dois séculos com a aplicação do conhecimento ao conhecimento e trazendo a necessidade de uma gerência eficaz.
Como Drucker escreveu em seu livro “Sociedade Pós-Capitalista”: “A cada dois ou três séculos ocorre na história ocidental uma grande transformação. Em poucas décadas, a sociedade se reorganiza – sua visão do mundo, seus valores básicos, sua estrutura social e política, suas artes, suas instituições mais importantes. Depois de cinqüenta anos, existe um novo mundo. E as pessoas nascidas nele não conseguem imaginar o mundo em que seus avós viviam e no qual nasceram seus pais.”
O leitor pode estar perguntando: “Qual é a relação dessa transformação com a introdução do texto sobre a proposta de aquisição do Yahoo pela Microsoft?”
Tem tudo a ver porque essas transformações mudaram a maneira como os negócios são avaliados hoje. No século passado uma empresa era composta de 85% de capital tangível como valores financeiros e patrimônio (máquinas, mobiliário…), e os 15% restantes da empresa era capital intangível (conhecimento). Neste século, esses percentuais inverteram-se, passando a empresa ser composta de 85% de capital intangível, conforme figura abaixo. Isso explica o porque da Microsoft fazer uma proposta de aquisição com valor de 62% acima do valor de mercado do Yahoo. Proposta essa que não foi aceita pelo conselho de diretores do Yahoo que considerou baixa a proposta.
Diante dessa mudança, onde os ativos intangíveis passaram a ser preponderantes sobre os ativos tangíveis, a dificuldade está em estabelecer qual o valor real de uma empresa. O instrumento atualmente utilizado para medir o valor das empresas é a contabilidade que tem como função prover os usuários com informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio da empresa, segundo o Conselho Federal de Contabilidade.
Note que o foco está em patrimônio, onde podemos supor que a contabilidade atual consegue definir o valor de uma empresa do século passado, mas não está adaptada para medir o valor de uma empresa do século XXI. Realidade essa referendada pelo mercado acionário que, há muito tempo, sinaliza que os registros e balanços contábeis não decidem mais o valor das companhias. O humor do mercado de ações varia muito mais em função das novidades intangíveis do que evolução dos indicadores financeiros.
Tomemos como exemplo uma empresa de consultoria. Como poderemos avaliar o valor de uma empresa de consultoria? Pelos móveis e computadores existentes ou pelo conhecimento e experiência dos consultores da empresa?
E no caso do Yahoo? O que a Microsoft comprará? Mesas, cadeiras, computadores, prédios? Claro que não. Ela está comprando a capacidade de inovação do Yahoo e uma estrutura de serviços para fazer frente ao seu principal concorrente que é o Google, além de entrar de vez no mercado de Internet.
A pergunta é: “Caso a proposta de aquisição seja feita, O que faria a Microsoft se os colaboradores do Yahoo resolverem pedir demissão ou receberem uma proposta de maiores benefícios por parte do Google?”
O que podemos notar é que o capital intelectual (intangível) tem um peso muito maior no século XXI do que no século passado. A dificuldade estará em estabelecer padrões que possam medir a importância desse capital para o desempenho e geração de lucros pelas empresas.
Como disse Peter Drucker: “A revolução da informação representa um nítida transferência de poder de quem detém o capital para quem detém o conhecimento.”
O desafio está lançado. Para finalizar, uma última pergunta: “Nossos gestores estão preparados para administrar esse capital e transformá-los em resultados?”
Fonte: HSM Online – Por Marcelo Bastos (http://hsm.updateordie.com/author/mbastos/)
24/07/2009