Para toda ação que pensamos ou que queremos executar, sempre procuramos saber qual é a melhor maneira de praticá-la. Se não sabemos como fazer, procuramos no instruir a respeito, ouvir pessoas ou organizações que já o fazem para buscar experiência. Parece-me que para a única ação que não estamos preparados e que acabamos aprendendo na prática, é a de sermos pai e mãe, pois o bebê não vem com o manual junto.
No trabalho voluntário, as pessoas que dão continuidade a sua atividade, são aquelas que entendem perfeitamente e com profundidade a importância e o significado de sua ação, e o que ela pode trazer de retorno para si e para a vida do outro. É uma atitude que envolve sentimento, cumplicidade e expectativa de mudança, transformação social e espiritual. Passamos a ser resposáveis pelo que cativamos.
Se formos responsáveis, sabemos compreender o quanto é importante nos preparar para exercer o voluntariado. Participar de reuniões com outros voluntários para debater conceitos de cidadania e comprometimento. Entender amplamente o papel de uma organização social e da RSI – Responsabilidade Social Individual – e o que pode representer a soma de esforços, tanto na visão de religiosidade, quanto econômica, comportamental e da transfomação de uma realidade.
O trabalho voluntário também exige compartilhar experiência com outros voluntários e com equipes de contratados. Precisamos debater sobre o desenvolvimento de uma cultura de voluntariado organizado, seus direitos e deveres. E saber mais sobre essa palavra “organizado”, visto que o voluntariado já existe no mundo desde a época de Cristo, e no Brasil, desde o seu descobrimento.
É preciso conhecer a evolução do voluntariado no Rio Grande do Sul, no Braisl e em outras partes do mundo. Entender o conceito que abrange o Terceiro Setor. Quanto mais conhecermos o voluntariado, mais poderemos ter uma ação voluntária consciente e de amplo alcance.
É muito importante que o candidato a voluntário se perceba como um agente transformador de uma realidade. O sociólogo colombiano Bernardo Toro diz que toda ordem social é criada por nós. O agir ou não agir de cada um, é o que consolida ou transforma essa ordem social. São, pois, esses debates sobre conceitos, responsabilidades e comprometimentos que nos possibilitam uma ação pró-ativa a favor da organização da sociedade civil, do sentimento de amor ao próximo e da construção de um ser humano holístico
Fonte: Revista Portal – 2002/2003
Texto: Maria Elena Pereira Johanpeter