07/04/08
* Rodrigo Zavala
A população jovem foi o segmento priorizado pelas iniciativas realizadas pela Rede GIFE de Investimento Social Privado, cujo investimento somado chegou a R$ 1,15 bilhão em 2007. Ao todo, cerca de 96% dos associados ao GIFE trabalham com um público de 15 a 24 anos, embora não exclusivamente, com foco em áreas como educação, formação para o trabalho e geração de renda.
As conclusões são fruto do levantamento para a quarta edição do Censo GIFE 2007-2008, mapeamento que o GIFE faz sobre o investimento social privado de seus associados. Realizado em parceira com o IBOPE/ Instituto Paulo Montenegro e do Instituto ibi, sua versão preliminar foi divulgada durante 5° Congresso GIFE.
Embora se restrinja ao universo de 80% das 101 organizações associadas ao Grupo, na época da consulta, o levantamento aponta para as tendências do conjunto do investimento social do setor no país. Isso porque a Rede GIFE é considerada referência nacional na realização planejada de investimentos no campo social.
Beneficiados – O foco nos jovens, conforme apresenta o Censo GIFE, é explicado pela consonância entre o trabalho dos associados e a pauta da agenda nacional. “Na década de 1990, as crianças eram os alvos das políticas públicas, principalmente no acesso à educação. A preocupação hoje é a juventude, pois o segmento se tornou a caricatura dos males sociais. Em índices como educação, violência, trabalho e criminalidade, os jovens estão sempre à frente como os mais atingidos”, afirma o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti.
O fato de 96% dos associados ao GIFE ter algum projeto em juventude, não significa dizer que outros segmentos sejam negligenciados. O público adolescente (7 a 14 anos) encontra programas em 39% dos membros da Rede, tal como as crianças (0 a 6), em 28%; adultos (30 a 59) 24%; e idosos (acima de 60), 19%. No total, 51% dos associados investem em todas essas faixas.
Áreas – No ranking das áreas priorizadas, não foi surpresa que a atuação em educação encabece a lista, com 83% dos investimentos dos associados (embora não exclusivamente). “Trata-se de uma prioridade para a rede há uma década. É um demonstrativo da preocupação em combater as causas dos problemas e com ações de longo prazo”, afirma Rossetti.
A educação é seguida no rol pela questão da “formação para o trabalho”, área que não constava nas últimas edições de Censo, com 59% de associados atuantes. A explicação para esse dado vem, segundo o secretário-geral do GIFE, do aumento de políticas para inserção de jovens no mercado de trabalho, como é o caso da Lei do Aprendiz, que demandam qualificação.
Quando analisado o universo das áreas privilegiadas no ranking do Censo, é possível ver que existe uma visão sistêmica dos associados que trabalham com juventude. Entre as cinco primeiras linhas de atuação constam também “geração de renda” (53%) e “apoio à gestão do terceiro setor” (53%).
”Não há como trabalhar de forma segmentada. O que se evidencia é a preocupação em resolver as demandas de forma multisetorial. A educação está ligada à formação para o trabalho e, em um ciclo, à geração de renda. Esses projetos, por sua vez, estão ligados invariavelmente a programas realizados por organizações sociais. Daí, a necessidade de melhorar a gestão dessas entidades”, explica Rossetti.
Incentivos – O uso dos incentivos fiscais é um mecanismo bastante utilizado pelas organizações para realizarem o investimento social. Essa é uma das explicações para que o investimento em Cultura e Artes ocupe o terceiro lugar no ranking das áreas de atuação priorizadas (55%). A Lei Rouanet, por exemplo, é utilizada por 34%, dos respondentes. Já o uso Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que legisla sobre os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente (FDCA), é utilizado por apenas 18%.
Perfil – Em 2007, o Censo foi respondido por 81 associados (entre novembro de 2007 a fevereiro de 2008): 27 fundações de direito privado, 34 associações sem fins lucrativos (geralmente conhecidas como institutos), e 19 empresas. A atuação do grupo se dá em todos os estados da federação, de forma bastante homogênea, embora com maiores concentrações nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a maior parte está situada, e também em Minas Gerais e na Bahia.
Monitoramento e Avaliação – Segundo o Censo GIFE, cerca de 72% das fundações e institutos e 74% das empresas fazem o monitoramento de todos os projetos, sendo que 64% das fundações e institutos e 58% das empresas fazem avaliação de resultado de todos os projetos.
“Esse dado é muito positivo porque a cultura de avaliação de resultados ainda é muito recente no Brasil. Também porque realizar esse diagnóstico ainda é muito caro, principalmente para pequenos projetos. Uma avaliação chega a ser 15% dos custos totais das iniciativas”, lembra Fernando Rossetti.
Segundo o último Censo GIFE, os associados investiram cerca de R$ 1 bilhão para projetos sociais, culturais e ambientais feitos de forma planejada, monitorada e sistematizada. Isso equivale a 20% do que o setor privado nacional destina à área social – cerca de R$ 5,3 bilhões, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
A divulgação dos dados completos do Censo GIFE será realizada ainda no primeiro semestre de 2008.
Fonte: redeGIFE ONLINE