“A sociedade constrói para si um único conceito de jovem, mas não existe uma única juventude”. A afirmação é da socióloga Melissa de Mattos Pimenta, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de São Paulo), autora da tese de doutorado Jovens em transição – um estudo sobre a transição para a vida adulta entre estudantes universitários.
A conclusão dos estudos, a entrada no mercado de trabalho, o abandono do lar familiar e a construção de uma nova família foram definidos como as principais etapas da transição. A socióloga utilizou depoimentos de estudantes da USP (Universidade de São Paulo), Unip (Universidade Paulista) e UnicSul (Universidade Cruzeiro do Sul).
Foram destacados três principais tipos de jovens. O primeiro deles, denominado precoce, é formado por aqueles que já percorreram a maior parte das etapas de transição. A maioria tem menos de 25 anos, trabalha e é casado. Nesse caso, são estudantes predominantemente de famílias de baixa renda, cujos pais possuem grau de escolaridade inferior ou são analfabetos.
A segunda modalidade, denominada errática, refere-se aos estudantes que percorreram algumas etapas de transição, mas voltaram à condição juvenil. Já a modalidade lenta corresponde àqueles que ainda estão iniciando o processo de transição, ou seja, não trabalham, são solteiros e sem filhos. Geralmente, os dois últimos tipos de jovens são oriundos de famílias com renda mensal acima de R$ 2 mil.
“Estudantes em condições sociais mais privilegiadas tendem a retardar a entrada na vida adulta, enquanto os outros tendem a efetuar a passagem de maneira mais precoce”, confirma a pesquisadora.
Para explicar os perfis atuais da juventude, Melissa destacou em sua pesquisa a trajetória histórica desta faixa etária. “Os amigos se tornaram mais importantes para o jovem quando as mães começaram a trabalhar fora” , afirmou. Segundo a pesquisadora, o anseio pela independência hoje é menor do que na década de 70, por exemplo. “Muitos jovens preferem viver com os pais para continuar tendo as mesmas condições de vida da família”, conclui.
Fonte: Cássia Gisele Ribeiro
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