Protos, em grego, significa principal, primeiro. Já agonistes quer dizer lutador, competidor. Da reunião entre os dois termos, surgiu a palavra protagonista: o ator principal, ou simplesmente, aquele que desempenha ou ocupa o primeiro lugar numa ação ou acontecimento. O termo tornou-se a palavra-chave para a conceituação do movimento que prevê um novo papel para o jovem, possibilitando que ele se tornasse um dos atores principais na construção de uma sociedade mais justa, harmônica e solidária.
O Protagonismo Juvenil é alternativa eficaz de educação para a co-responsabilidade na construção do bem-comum e uma estratégia pedagógica de estímulo ao envolvimento do jovem em atividades que ultrapassam os limites de seus interesses individuais e familiares. Nesta estratégia, o educador deixa de ser o referencial absoluto de autoridade. Resgata-se a relação educador-educando e educando-educando e cria-se espaço para a manifestação das idéias e pensamentos de cada um. O desafio é estabelecer a efetiva parceria entre adultos e jovens, onde todos conseguem perceber que seus papéis são complementares e que ambos os lados têm a aprender um com o outro.
A história da Fundação Odebrecht nessa área começou em 1988, quando optamos por desenvolver um trabalho prioritariamente voltado para a população jovem, estimulando sua participação, individualmente ou em grupo, como fonte de iniciativa (ação), liberdade (opção) e compromisso (responsabilidade).
Logo na nossa primeira ação junto a esse público, o Encontro Nacional de Adolescência e Saúde Reprodutiva, despertamos para a necessidade de ouvir o que os adolescentes pensavam e sentiam sobre o assunto. Quebramos o protocolo do evento e a partir daí passamos a estimular a participação e o envolvimento desses adolescentes em todas as nossas ações.
Essas experiências permitiram a Fundação Odebrecht adotar como princípio de sua atuação o estímulo ao Protagonismo Juvenil, passando, a partir de então, a promover a ação de jovens como agentes de desenvolvimento; multiplicadores de informações, conhecimentos e tecnologias; sujeitos do seu processo de aprendizado; e participantes ativos em fóruns e discussões.
No ano 2000, o Professor Antônio Carlos Gomes da Costa sistematizou esses conceitos e práticas, dando origem ao “Protagonismo Juvenil – Adolescência, Educação e Participação Democrática”, publicado pela Fundação Odebrecht. O livro traça de forma pioneira a trajetória histórica do tema, além de reunir leituras complementares de outros pesquisadores e depoimentos de jovens.
O momento para o lançamento de uma segunda edição do livro, atualizada e revisada, não poderia ser mais propício. O Governo Federal criou recentemente a Secretaria Nacional de Juventude e o mesmo deve ocorrer no âmbito dos estados e municípios. E o conceito de Protagonismo Juvenil está largamente empregado no Plano Nacional de Juventude (Projeto de Lei 4.530 de 2004), atualmente em discussão no Congresso Nacional. Esta nova edição, em parceria com a Editora FTD, traz como co-autora da obra, Adenil Vieira, ex Integrante da Fundação Odebrecht.
A certeza de que esta metodologia é eficaz está nas ações conscientes e determinadas de jovens que descobriram que querem e podem intervir nos rumos da sua vida e da sua comunidade, apontando e implementando soluções. Estamos vivenciando essa situação, mais uma vez, no Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Baixo Sul da Bahia – DIS Baixo Sul, em especial com os 170 jovens das Casas Familiares Rural, do Mar e Agroflorestal. Esses talentos protagonistas, estão levando para suas famílias e comunidades conhecimentos técnicos, visão empresarial, noções de cidadania e de conservação ambiental. Aos poucos, vão assumindo a liderança do processo de desenvolvimento sustentável da região onde nasceram e querem viver.
Fonte: rede GIFE ONLINE
Marta Castro Luzbel – administradora de empresas e especialista em Marketing. Responsável pela Comunicação e Relações Institucionais da Fundação Odebrecht também é professora universitária e voluntária em diversas instituições sociais.
25/09/06