O ano de 2001, certamente, foi o marco definitivo para a adoção de um modelo de Gestão Social a ser adotado pelas empresas que almejam o sucesso e a continuidade de suas ações.
Não foram poucos os fatores que movimentaram os agentes sociais, em busca de uma sociedade mais justa. Primeiramente, a iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) de instituir 2001 como o Ano Internacional do Voluntariado, fez com que milhares de pessoas se mobilizassem, em todos os segmentos da sociedade brasileira, com um só objetivo: ajudar ao próximo, doando tempo e trabalho em prol de alguma causa social. Em segundo lugar, a enorme divulgação dessas ações sociais na mídia, levou a população a intensificar a discussão sobre novas maneiras de se lidar com os problemas sociais, apresentando soluções alternativas, que contribuem, efetivamente, para o desenvolvimento sustentável das comunidades em geral. Grandes eventos foram realizados, mensalmente, em todo o país, buscando agregar novas idéias e propostas, que auxiliem na criação de projetos inovadores e, verdadeiramente, comprometidos com a melhoria da qualidade de vida das pessoas mais necessitadas. Outro fator relevante na conscientização dos indivíduos foi e, ainda está sendo, a constatação por meio de pesquisas e estudos específicos, que comprovam os bons resultados obtidos pelas empresas, com os seus projetos sociais voltados às comunidades nas quais elas estão inseridas.
A consolidação da Responsabilidade Social das organizações está gerando um profundo impacto no modo como as empresas se relacionam com os seus públicos de interesse (stakeholders). Ao contrário do que acontecia, anteriormente, as companhias observaram que combater às desigualdades sociais não significa somente desenvolver ações de filantropia ou doações em dinheiro para causas nobres. Hoje, mais do que nunca, as corporações estão certas de que lutar contra esses problemas, com programas sérios e bem gerenciados, com expectativas a longo prazo, evitando soluções paliativas, é a melhor forma de garantir, realmente, uma mudança significativa no quadro social vigente e, ao mesmo tempo, contribuir com a sua própria sobrevivência no mercado, que já não é formado só por simples consumidores, mas por cidadãos, cada vez mais informados, conscientes e exigentes dos seus direitos, esperando que as empresas também assumam responsabilidades para com as sociedades onde e com quem atuam.
As empresas socialmente responsáveis, que pensam não somente no lucro, mas, acima de tudo, no ser humano, são mais valorizadas e reconhecidas, com a preferência dos seus clientes. Esse tipo de ações das organizações está se transformando numa poderosa vantagem competitiva no desenvolvimento de seus negócios, já que os consumidores valorizam a preocupação das empresas em tornar a sociedade mais equilibrada, com menos injustiças e desigualdades.
Os critérios de avaliação do sucesso corporativo começam a incorporar o respeito ao meio ambiente, a preocupação com a valorização do ser humano e da sua cultura. E o conceito de Responsabilidade Social, proveniente de um caráter ético e multidimensional, tem cumprido seu papel, a partir da cidadania empresarial, auxiliando organizações e governos, na busca do desenvolvimento sustentável, por meio de parcerias entre o universo corporativo, comunidades vizinhas, empregados e o meio ambiente.
A Responsabilidade Social está se traduzindo em lucro, ampliação do mercado, além de dar um sentido ético às atividades. A sociedade, cada vez mais consciente e exigente, coloca as organizações na situação de ter que responder às necessidades, às aspirações e às solicitações de seus públicos de interesse. E, no campo de avanços positivos, o Brasil parece ter tomado a dianteira em relação ao resto da América Latina, pois empresas de todo o país vêm desenvolvendo um movimento significativo que, além de discutir, promove ações eficazes para diminuir as diferenças sociais.
Todo esse processo de evolução da mentalidade empresarial é, com certeza, muito expressivo, pois resulta em mais investimentos sociais por parte das organizações, estimulando novas iniciativas e mostrando à sociedade, que por mais que ela já tenha feito para mudar a situação vigente, tudo está apenas no começo e que, ainda, há muito por fazer.
Em 2002, a gestão da Responsabilidade Social deverá estar amparada em objetivos que levem à continuidade das ações empresariais, em relação aos seus projetos sociais, já em andamento. Além disso, serão necessárias estratégias urgentes, em parceria com organizações da sociedade civil e poderes públicos, para que sejam delineadas soluções que possam combater, definitivamente, a miséria, a violência e os enormes índices de desemprego, que tanto comprometem o desenvolvimento do país.
Apesar de ainda estarmos longe de alcançar o equilíbrio social, ao sair do seu estado de inércia, a sociedade brasileira dá um passo importante para se tornar um exemplo de união de esforços, recursos e atitudes de diversos setores, objetivando a transformação do quadro de miséria, injustiças e descaso com as comunidades, até então apresentadas.
É valioso perceber que, atualmente, as empresas e as pessoas estão dispostas a colaborar com sua parte, para que todos tenham melhores oportunidades, garantindo o diálogo, a participação e, conseqüentemente, o resgate da cidadania. Os exemplos dessas ações estão por todo lugar, por todas as regiões do país. E, como não poderia deixar de ser, Londrina/PR, é uma cidade que tem abraçado esse compromisso, com muita competência e dedicação. Aqui, muitas empresas e profissionais, a cada dia mais conscientes e atentos a seus papéis sociais, têm desempenhado um trabalho de excelência e qualidade, em parceria com órgãos públicos e ONG’s, visando promover a melhoria da qualidade de vida da população.
Por último, gostaríamos de dizer, como jovens universitários que ainda somos, que é gratificante participar desse processo, trabalhando e vendo, a cada dia, as mudanças sociais acontecerem, nesta cidade, dando novas esperanças a muitas pessoas, que merecem e tanto fazem para ter um amanhã melhor.
Acreditamos em todas essas iniciativas e agradecemos muito àqueles que nos apóiam e comungam do mesmo pensamento, que é promover o bem-estar social.
Luiz Carlos de Macedo e Marcelo Bertini Aversa
Estudantes de Relações Públicas, da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e estagiários da Sercomtel S.A. – Telecomunicações, onde desenvolvem atividades de responsabilidade social. Artigo publicado na Revista Programa dos Municípios, de Londrina (PR), em fevereiro de 2002.
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