As práticas relacionadas à sustentabilidade constituem um importante fator para o enfrentamento da crise econômica mundial. Isso é o que executivos e gestores de 25 empresas de grande porte que atuam no Brasil responderam à pesquisa realizada pela Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável (FBDS) em parceria com a COPPEAD/ UFRJ a qual a Razão Social teve acesso com exclusividade.
Intitulado “Os impactos da crise global na agenda de sustentabilidade corporativa: um estudo de empresas brasileiras líderes em sustentabilidade”, o levantamento teve como objetivo entender como as companhias reagiram à crise econômica. Segundo a diretora executiva da FBDS e coordenadora do estudo, Clarissa Lins, a ideia foi “mapear os impactos reais da crise na agenda de sustentabilidade corporativa”. Para isso, 45 empresas consideradas líderes em sustentabilidade foram contactadas, mas apenas 25 aceitaram fornecer os dados para a pesquisa. Entre as participantes do estudo, estão empresas como Ampla, Bradesco, Braskem, Eletrobras, Itau/Unibanco, Light, Natura, Banco Real, Suzano Papel, Usiminas e Wal Mart.
A conclusão principal do estudo mostra que as empresas não registraram grandes impactos nos investimentos em sustentabilidade e aponta que a transparência e a prestação de contas (por meio dos relatórios GRI, por exemplo) ganham grande valor e ajudam a manter o equilíbrio em um cenário de crise econômica. Isso porque tranquilizam a relação com os diversos stakeholders (grupos de interesse), entre eles os acionistas.
De acordo com a FBDS, isso ocorre porque nessas empresas há um compromisso com a gestão de sustentabilidade, baseado em políticas corporativas bem definidas. Com isso, 45% das companhias disseram não ter havido alteração no cronograma financeiro previsto para projetos de sustentabilidade. Vinte e cinco por cento afirmaram ter havido redução ou cancelamento de projetos e atividades em função da crise econômica. Os outros 30% dizem respeito às companhias cujos investimentos sofreram atrasos nos desembolsos.
Um impacto da crise apontado pelos executivos tem sido a dificuldade de manter o conceito de sustentabilidade como prioridade dentro das corporações. Eles indicam como principais desafios o engajamento da cadeia de valor, o papel da regulamentação, o desenvolvimento de novas tecnologias e a incorporação da sustentabilidade nos negócios.
Em um cenário de restrição ao crédito, 31% das empresas optou por conter custos, 26% gerir fluxo de caixa de maneira mais prudente e 10% rever o cronograma físico-financeiro de desembolsos. Os projetos de sustentabilidade foram afetados na mesma proporção, o que mostra que eles estão incorporados à gestão. Já sobre possíveis aprimoramentos tecnológicos, os resultados mostram que 19% das empresas apostam no desenvolvimento de tecnologias em energias renováveis e em tecnologias focadas em maior eficiência produtiva, e 13% acredita na utilização menos intensiva de recursos naturais.
Fonte: Caderno Razão Social, do O Globo, editado pela jornalista Amelia Gonzalez