Quando entidades focadas em suas áreas de atuação unem-se para projetos conjuntos, o resultado tende a ser positivo.
Firmar parcerias. Nunca se usou tanto esta expressão quanto agora, em que as empresas já conseguem enxergar com um pouco mais de nitidez as fissuras causadas em seus alicerces pelo terremoto da crise financeira mundial. É unânime a constatação de que os grandes problemas tornam-se ainda maiores quando se tenta enfrentá-los sem apoio ou auxílio. Conscientes desse fato, as empresas e os empreendedores elegem o trabalho em rede e o estabelecimento de parcerias como pilares fundamentais da racionalização de procedimentos e da gestão eficiente.
As parcerias não são novidade, tampouco “moda” que promete soluções mágicas. Ao contrário: são velhas conhecidas de quem realiza, inova e produz. Seus objetivos essenciais consistem em assegurar ganho de competitividade e reduzir os riscos de perdas e prejuízos, metas alcançadas à medida que a união de forças e de conhecimentos proporciona complementaridade. Desse modo, as parcerias constituem valiosa ferramenta para a intersecção e a interação dos diferentes setores da sociedade.
Existem diversos modelos de parcerias. Nas chamadas “PPPs” (parcerias público-privadas), temos a junção do capital privado com o poder governamental, viabilizando e agilizando a realização de obras voltadas ao bem comum. Essas alianças têm se mostrado essenciais para a efetivação de grandes empreendimentos, tais como as construções de portos, estradas e linhas de metrô.
Temos também as parcerias entre empresas e organizações não-governamentais – muito úteis, por exemplo, para a aplicação das políticas de responsabilidade social e/ou ambiental das empresas. Assim, em vez de uma fábrica de chocolates constituir um departamento de gestores ambientais para que estes desenvolvam uma linha de produção “sustentável”, o fabricante – que, a priori, é um especialista em chocolates – poderá optar por firmar parceria com uma empresa de consultoria ambiental. Desse modo, ele economizará em instalações e recursos humanos, e terá em mãos um projeto ambientalmente eficaz, elaborado por quem entende do assunto.
Também são importantíssimas as parcerias firmadas entre empresas, em que os agentes interagem por meio da troca de experiências, conhecimentos, produtos e know-how. Além disso, empresas inovadoras, universidades e centros de pesquisa costumam ter casamentos bem felizes.
É fundamental não esquecer que as parcerias se caracterizam pela chamada “mão dupla”. A parceria entre indústria e academia se acentuou nas duas últimas décadas porque ambas necessitavam de algo que a outra poderia oferecer. Do lado das indústrias, a globalização acentuou a necessidade de se modernizar, e o jeito foi buscar soluções nas escolas e nas universidades. Estas, por sua vez, viram-se afligidas pela diminuição do aporte de recursos públicos, e encontraram nas empresas privadas uma generosa fonte de custeio. A troca de conhecimentos entre atores distintos também ocorre de maneira dinâmica e desafiadora: enquanto a academia lida com saberes mais amplos e reflexivos, as empresas anseiam por resultados palpáveis e informações de retorno imediato. Nesse contexto, o enriquecimento é mútuo.
Não é exagero afirmar que as parcerias permitem voos mais altos aos empreendedores, que ficam livres para focar exclusivamente o cerne da sua atividade, cuidando quase exclusivamente do seu core business, enquanto as atividades adjacentes e complementares permanecem sob a responsabilidade de parceiros especializados.
Cabe ressaltar que, para uma parceria ser bem-sucedida, é fundamental que haja sinergia entre os pares, e que ambos estejam dispostos a se abrir para o novo. Por isso, cabe a cada empresa e a cada empreendedor analisar cuidadosamente suas carências, bem como os elementos que tem a oferecer, para então lançar-se à busca dos parceiros com os quais poderá estabelecer relacionamentos mais proveitosos. E, como em qualquer união que se pretende duradoura, a parceria deve se pautar pelo respeito mútuo, pela transparência e pela disposição em fazer concessões sempre que estas forem necessárias.
Por Dimas de Melo Pimenta II (economista, é presidente da Dimep e diretor do Departamento Sindical (Desin) da Fiesp)
Fonte: HSM Online