Na esteira da crise que a pandemia de covid-19 trouxe ao país, a ONG Parceiros Voluntários endossa aquilo que sempre foi um valor para a organização: a defesa da união dos agentes da sociedade no intuito de estabelecer uma rede de solidariedade. O efeito tem sido tão positivo que Daniel Santoro, presidente do Conselho de Administração da Parceiros Voluntários, hoje entende que o setor empresarial vem se mostrando cada vez mais consciente de seu papel na sociedade. Ou seja, além de ser um motor de crescimento econômico, gera resultado financeiro acompanhado de criação de valor para a sociedade.
Segundo Santoro, como cada empresa conta com possibilidades e necessidades bastante específicas, a Parceiros Voluntários assume que é necessário escutá-las com atenção, compreender a fundo suas conjecturas, articular com diferentes agentes da comunidade e cocriar soluções para cada caso. “Ao longo de 23 anos, ao lado de uma grande rede colaborativa formada por empresas, escolas, governo e pessoas, trilhamos uma caminhada de ampliação de consciência e de fraternidade por intermédio de ações conjuntas, no entanto mesmo tendo realizado muitas coisas juntos, ainda temos muito a realizar,” analisa.
Um dos exemplos de soluções encontradas pela Parceiros Voluntários envolve não apenas a cocriação ao lado das empresas de um projeto do zero, mas também a necessidade de reinventar algo que já estava em realização. É o caso da Hydro, multinacional de alumínio que desde 2016 mantém um grupo para atuar nas plantas da empresa em Barcarena, no estado do Pará. Segundo Nahas, superintende da ONG Parceiros Voluntários, a empresa buscava avançar em três objetivos: aprimorar as relações com as comunidades nos locais em que opera; ser parceira do desenvolvimento sustentável desses territórios; e fortalecer a marca como empresa consciente.
A solução deveria respeitar os valores da companhia (Cuidado, Coragem e Colaboração) e atender os seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável prioritários, que tratam de educação de qualidade; emprego pleno e decente; e paz, justiça e insti- tuições e cazes. O desenvolvimento da solução se deu por meio de cocriação, que envolveu a empresa, a Parceiros Voluntários, OSCs locais e Conselhos Municipais da Criança e do Adolescente. Nahas analisa:
– Tendo em mente que o voluntariado pode ser uma forma de resgatar a confiança e o vínculo entre comunidade, empresas e instituições, o grupo de trabalho entendeu que esse poderia ser o fio condutor para unir e beneficiar os públicos nos territórios onde a Hydro está presente.
As organizações foram escolhidas com o apoio dos conselhos municipais, e com base em critérios como a afinidade de valores e de objetivos – o que incluía respeitar os valores e Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODSs) pré-definidos. Os voluntários contribuíram tanto na execução de ações sociais quanto no aprimoramento da gestão das organizações, para que as ONGs pudessem profissionalizar seus métodos e ampliar o impacto social.
A Parceiros Voluntários, por sua vez, aportou metodologias, tanto para a equipe da Hydro como para as lideranças sociais, tendo como foco a melhoria de processos. “A solução foi implantada no Rio de Janeiro e nos municípios paraenses de Paragominas, Barcarena e Belém. Desde então, já são mais de mil participantes, cerca de 2 mil horas de ações na comunidade e 23 mil pessoas beneficiadas”, explica Nahas.
Dessa forma, além de criar valor social, a iniciativa atendeu o objetivo de restaurar as relações com os públicos estratégicos, como funcionários, moradores do entorno e OSCs. Entre as instituições beneficiadas pelo Programa estiveram a APAE, PRISMA e CMDCA, em Barcarena; Menino Feliz, Juquinha e UMAMP, em Paragominas; Lar Fabiano de Cristo (Casa de José), Solar do Acalanto e Casa Ronald McDonald, em Belém; todas no estado do Pará; e a Rede Pró Aprendiz e Harmonicanto, na cidade do Rio de Janeiro.