RENATA CORRÊA
A atual sociedade do conhecimento marca o despertar de consciências das pessoas e das organizações. Estamos procurando caminhos que auxiliem a transição individual para a coletiva, do ter para o “ser”, de novos valores e de atitudes organizacionais. As empresas apresentam um papel essencial nesse novo paradigma, pois são as bases para a evolução da competição para a colaboração em todas as esferas.
É nessa perspectiva que esse estudo demonstra como as empresas podem despertar para a sustentabilidade organizacional, sendo que cada uma se encontra em um nível diferente de consciência. Essa análise tem por base o modelo conceitual construído a partir das proposições teóricas de Richard Barrett, autor das obras “Criando uma Organização dirigida por Valores” e “Libertando a Alma da Empresa”.
Barret entende por sete os níveis de consciência que as empresas precisam percorrer, a fim de alcançarem a plenitude de uma organização integrada e que realmente contribua com a sociedade de forma efetiva. São eles: nível um: sobrevivência material; nível dois: relacionamentos; nível três: autoestima ou desejo de competição; nível quatro: transformação afetiva; nível cinco: coesão interna; nível seis: coesão externa; e nível sete: servir.
Para o autor, tudo o que focamos em nossas vidas pessoais é um reflexo da nossa consciência individual; tudo o que uma organização foca é um reflexo da consciência coletiva da organização. Portanto, se podemos identificar os comportamentos de um grupo de indivíduos, podemos medir a consciência da organização, mapeando os seus valores.
No modelo desenvolvido por ele, as necessidades inferiores, dos níveis um a três, estão focadas nas necessidades básicas do negócio, ou seja, o foco no lucro, na satisfação dos clientes, nos sistemas e nos processos de alto desempenho. A ênfase está no próprio interesse da organização e de seus acionistas.
As necessidades superiores, dos níveis cinco a sete, estão focadas na coesão do grupo, na construção de alianças e parcerias mutuamente benéficas e no papel da organização no contexto local e social. A ênfase está em melhorar o bem comum de todas as partes interessadas, funcionários, clientes e sociedade. O quarto nível tem como foco a transformação, uma transição de hierarquias autoritárias, rígidas e baseadas no medo, para sistemas de governança aberta, inclusivas e adaptativas, que dão poder aos funcionários para que tenham liberdade responsável.
Sustenta ainda que organizações focadas exclusivamente nos níveis inferiores geralmente não são líderes de mercado, pois são excessivamente focadas internamente e narcisistas ou muito burocráticas, não conseguem se adaptar a condições mutáveis e não dão autonomia aos funcionários, sendo esses pouco motivados.
Em contrapartida, organizações focadas exclusivamente na satisfação das necessidades superiores não possuem as habilidades básicas de negócio para atuarem de maneira efetiva. Pouco conhecem de gestão financeira, mercadológica e faltam os sistemas e processos necessários para o efetivo desempenho.
Assim, para que a empresa seja bem sucedida em todas as dimensões, será necessário aprender a dominar, de forma integral e sistêmica, os setes níveis de consciência organizacional.
Fonte: Folha de S.Paulo
Data: 09/12/2013