A partir da metade dos anos 1980, quando a discussão dos problemas ambientais começava a dar origem a um novo conceito – o da sustentabilidade – era necessário quase soletrar a palavra para a maioria dos líderes de negócios. Seu significado, então, estava longe de ser compreendido. As lembranças são de John Elkington, cofundador da SustainAbility, sócio-fundador e diretor da consultoria inlgesa Volans.
Em entrevista exclusiva à repórter Cristina Tavelin, de Ideia Sustentável, durante recente passagem pelo País para a HSM ExpoManagement 2010, Elkington fez uma análise das principais transformações nos negócios, do início da discussão ambientalista às soluções trazidas na era da sustentabilidade.
“O desafio fundamental que qualquer empresa enfrenta, atualmente, não é a necessidade de realizar muitas ações, ou tentar realizá-las ao mesmo tempo, mas pensar sobre quais são as prioridades básicas para a eficiência dos negócios em nossa época, e selecionar algumas que ajudem a enfrentar o grande desafio que se apresenta”, avalia.
Criador do chamado “tripé da sustentabilidade”, o triple bottom line, Elkington crê na necessidade de um olhar amplo para a agenda socioambiental, no qual os conceitos se conectem e cheguem às empresas e governos de uma forma simples de serem compreendidos e implementados.
Diante dos riscos iminentes trazidos pelas mudanças climáticas, o especialista aponta a necessidade da busca por inovação e por novos modelos de negócios, além da iniciativa de empresas em enfrentar riscos e desenvolver uma gestão eficiente para investimentos socioambientais, assim como já acontece em outras áreas.
Para tanto, é necessário formar líderes com capacidade de dialogar e – principalmente – ouvir, trazendo novas ideias a partir da interrelação com outros stakeholders e aproveitando oportunidades que os “simples mortais” não enxergam.
Elkington também destaca a importância da interação entre colaboradores do topo e da base da pirâmide social, em um movimento de troca de conhecimento e incentivos para a ascensão de uma cultura sustentável dentro das companhias.
Acompanhe, a seguir, as reflexões de John Elkington sobre corporações e CEOs de destaque, e o papel de governos e consumidores nas sociedades rumo à sustentabilidade.
Sustentável da base ao topo
É interessante notar que diferentes organizações de negócios tornam-se conscientes de agendas futuras de formas muito variadas, e isso inclui a da sustentabilidade. Às vezes, essa consciência surge porque um indivíduo, um CEO em particular, acorda repentinamente para a questão e tenta conduzir uma mudança. Em outros casos, vem por outro caminho, quando colaboradores mais jovens ou indivíduos em posições hierárquicas mais baixas dentro de uma corporação iniciam um movimento da base para o topo.
Algo que também está evoluindo dentro das empresas é o foco em como se obter a cultura certa para a sustentabilidade. Em ambos os sentidos – da base ao topo e do topo à base – é preciso haver integração e isso não se dá apenas por meio de diálogos. No final das contas, necessitam-se incentivos. É importante questionar se a empresa realmente está encorajando seus colaboradores a tomar as atitudes certas no dia a dia dos negócios. E isso acontece em resposta a como os indivíduos estão sendo recompensados.
Prioridades na agenda
Existem dois pontos para explicar o que mudou dentro das empresas após a ascensão da discussão socioambiental. O primeiro é que há, por vezes, perigo de que a divulgação mais ampla sobre a temática de aquecimento global e mudanças climáticas exclua ou faça as pessoas se esquecerem de outros pontos importantes da agenda sustentável.
Mas, por outro lado, as alterações no clima sugerem que estamos influenciando negativamente toda a biosfera, todo o ecossistema ecológico, e que isso retornará a nós de diferentes formas – por restrição no acesso à água e problemas de saúde, por exemplo. Para as empresas, questões como eficiência energética e hídrica obviamente precisam ser consideradas. Mas o que estamos encontrando cada vez mais são mudanças nas cadeias de suprimentos – novas especificações e exigências relacionadas à eficiência, mas também a questões como remoção de materiais tóxicos, em alguns casos, condições de trabalho, em outros
Fonte: Ideia Sustentável
Data: 11/03/2011
Por Cristina Tavelin