Na entrada do corredor de acesso ao refeitório, o professor Carlos Alberto Barcellos observa com orgulho os pupilos que desenvolvem brincadeiras no pátio da Escola Municipal Mariano Beck. Quando ele relata sua experiência adquirida em 30 anos de voluntariado é possível perceber a paixão que emprega no trabalho.
Ele participa de atividades voluntárias desde 1977, há 10 anos na ONG Parceiros Voluntários. Hoje, aos 58 anos, reconhece a importância da iniciativa, em especial, da Tribo Horizontes, da qual muitos de seus alunos fazem parte. “A juventude é a pele mais sensível da sociedade. Esses jovens que estão aqui, tanto os que recebem, quanto os que realizam a ação voluntária farão a diferença no futuro, pois passam a compreender o significado de Responsabilidade Social, já na adolescência, e levam isso por toda a vida” – analisa o professor que coordena os estudantes do Colégio Maria Imaculada, no que parece ser o lugar certo para colocar as teses em prática. Estimativas, de um estudo da Fasc, realizado em 2004, revelam que na Vila Pinto, cerca de 60% dos habitantes têm idade inferior a 18 anos e 80% dos menores infratores, recolhidos no centro da Capital, são moradores do local.
Barcelios pode ser considerado um dos idealizadores da iniciativa. Em 1998, uma turma de alunos o procurou, após uma exposição sobre o problema da gravidez na adolescência. A reivindicação vinha ao encontro de suas convicções. Os cincos adolescentes buscavam um espaço para o exercício da cidadania. Estavam cansados de apenas discutir. A partir da reivindicação foi criado o projeto de voluntariado na escola. “É gratificante ver que aqueles mesmos cinco jovens, hoje são mais de 93 mil em todo o Rio Grande do Sul”, comemora o professor, referindo-se aos 93 mil jovens inscritos no programa Tribos na Trilha da Cidadania no Estado.
Fonte: Jornal do Comércio – Empresas & Negócios – 03/09/2007