O desenvolvimento de habilidades empreendedoras é uma das possibilidades previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), especialmente no que diz respeito aos itinerários formativos do Ensino Médio e na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas de forma que favoreça o protagonismo juvenil. No Rio Grande do Sul, um dos projetos que tem contribuído para a capacitação de professores sobre essa temática é o projeto Tribos Jovens Empreendedores, realizado desde 2021 pela Parceiros Voluntários (PV) com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae RS.
Com um cronograma de aplicação de três anos que se encerra em 2023, o projeto já apresenta resultados que impactam a formação de educadores e estudantes. Conforme uma pesquisa aplicada com os participantes das atividades em 2021 e 2022, 89,4% dos educadores respondentes disseram que a metodologia contribuiu muito ou muitíssimo para a aplicação prática da BNCC e 86,8% dos respondentes informaram sentirem-se muito ou muitíssimo instrumentalizados a partir da capacitação.
Entre os estudantes, 92,2% dos respondentes gostaram muito e muitíssimo do projeto e 84% disse ter aprendido algo novo no projeto. “Com Tribos eu consegui trilhar um projeto de vida profissional, algo que já estava me deixando muito ansiosa, consegui aprender sobre profissões do futuro e assim já trilhar o que quero. Aprendi sobre mim e o que sinto, tive a maravilhosa oportunidade de conhecer e me relacionar com meus colegas de TRIBOS, fiquei muito feliz de poder ter criado essa amizade e participado de Tribos”, disse a aluna Marina Iepsen Corrêa, do Colégio Martinho Lutero.
No último ano deste ciclo, que teve início em 2021, serão abordadas Técnicas Empreendedoras, que suscitarão o pensamento ético e responsável, a aprendizagem com a experiência, visão, conhecimento básico financeiro e econômico, planejamento e gestão. Tudo isso, com uma metodologia “gameficada”. As inscrições de estudantes e professores do 8º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio são gratuitas e podem ser realizadas até o dia 30 de abril.
Saiba mais – o que diz a BNCC sobre empreendedorismo
Projeto de vida
Em relação ao Ensino Médio na contemporaneidade, a BNCC versa sobre a escola estar comprometida com a educação integral e com a construção do seu projeto de vida. Nesse sentido, no que tange à preparação básica para o trabalho e a cidadania, a escola precisa se estruturar para (página 466)
• proporcionar uma cultura favorável ao desenvolvimento de atitudes, capacidades e valores que promovam o empreendedorismo (criatividade, inovação, organização, planejamento, responsabilidade, liderança, colaboração, visão de futuro, assunção de riscos, resiliência e curiosidade científica, entre outros), entendido como competência essencial ao desenvolvimento pessoal, à cidadania ativa, à inclusão social e à empregabilidade; e
• prever o suporte aos jovens para que reconheçam suas potencialidades e vocações, identifiquem perspectivas e possibilidades, construam aspirações e metas de formação e inserção profissional presentes e/ou futuras, e desenvolvam uma postura empreendedora, ética e responsável para transitar no mundo do trabalho e na sociedade em geral.
Itinerários formativos
O empreendedorismo também aparece como possibilidade do itinerário formativo juntamente com a investigação científica, os processos criativos e a mediação e intervenção sociocultural. Nesse sentido, a BNCC entende que o “empreendedorismo: supõe a mobilização de conhecimentos de diferentes áreas para a formação de organizações com variadas missões voltadas ao desenvolvimento de produtos ou prestação de serviços inovadores com o uso das tecnologias (Resolução CNE/CEB nº 3/2018, Art. 12, § 2º)”.
Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Uma das habilidades esperadas pela área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas no Ensino Médio é que favoreça o protagonismo juvenil, uma das premissas do projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania da PV. Em relação ao empreendedorismo, é esperado que a área trabalhe as categorias Política e Trabalho , já que “a vida em sociedade pressupõe ações individuais e coletivas que são mediadas pela política e pelo trabalho. […] Há hoje mais espaço para o empreendedorismo individual, em todas as classes sociais, e cresce a importância da educação financeira e da compreensão do sistema monetário contemporâneo nacional e mundial, imprescindíveis para uma inserção crítica e consciente no mundo atual. Diante desse cenário, impõem-se novos desafios às Ciências Humanas, incluindo a compreensão dos impactos das inovações tecnológicas nas relações de produção, trabalho e consumo”.
No rol das Competências Específicas 5 está a habilidade EM13CHS501, que diz sobre “Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade”.