Cão é atropelado em rodovia. A cena seria comum, não fosse outro cão, que presenciava o acidente, lançar-se de forma suicida à pista, rumo ao socorro do companheiro vira-lata. Desesperado, o herói de quatro patas arrasta a vítima em meio aos carros e com força, determinação, vontade, consegue salvar a vida do animal. O vídeo chileno com a cena do regate chegou à internet e comoveu o mundo. Por que, afinal, um cão arriscaria sua própria vida para salvar a vida de outro?
“A missão suprema do homem é saber o que precisa para ser homem”. Talvez tenha sido de Kant a frase que melhor resumiu o sentido de tudo o que buscamos. O ambiente descrito por Lipovetsky como “hipermoderno”, onde as características do homem são individualismo, ética hedonista e consumismo, pede reflexões, mas, principalmente, atitudes.
O conceito de desenvolvimento sustentável aponta para um caminho a ser percorrido – e, ao que tudo indica o único – rumo à sobrevivência das gerações futuras, do planeta, do próprio homem. Modelos de desenvolvimento que não levem em conta questões como sustentabilidade, solidariedade, cooperação, não apenas estão na contramão de uma realidade global, como, fatalmente, estão condenados ao insucesso.
Hoje, “para ser homem” é preciso ter consciência. Não há desenvolvimento sem respeito ao meio ambiente. Não há futuro sem sustentabilidade. Não há democracia sem tolerância. Não há evolução sem solidariedade.
Simultaneamente, em meio às discussões sobre desenvolvimento sustentável, o conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) tornou-se pauta comum no ambiente corporativo. Muitos empresários, por desconhecimento e na tentativa de não perder as oportunidades trazidas pela “tal RSE”, optam por fórmulas prontas e engessadas.
Uma pequena sala no final do corredor, um estagiário, um computador, uma caixa de papelão para arrecadar (estamos no inverno?)… agasalhos. Pronto. Resolvido. Apesar de saber que muitas empresas, felizmente, tratam a Responsabilidade Social com “responsabilidade”, ainda há empresas pouco conscientes de seu papel na mudança de paradigma pela qual passamos.
Agora não é mais “apenas um diferencial”, mas questão de sobrevivência – do próprio negócio e, principalmente, das gerações futuras. Se a cultura organizacional de sua empresa já leva em conta as necessidades globais de desenvolvimento, parabéns. Você já pode ir além e dar um novo passo: fazer com que seu colaborador leve esse comportamento para além dos limites da empresa – ser socialmente responsável na empresa é tão importante quanto ser em casa, no trânsito, nas ruas, na vida.
Mas, se sua empresa ainda precisa passar por um processo de melhor entendimento da conjuntura pela qual passamos, não tenha medo: arregace as mangas, você tem muito trabalho a fazer, mas certamente conseguirá alcançar seus objetivos.
Independente do estágio de maturidade em RSE que sua empresa esteja, uma coisa é certa: o Voluntariado Empresarial é uma das principais ferramentas para desenvolver comprometimento, solidariedade e consciência – base para o sucesso de qualquer programa de Responsabilidade Social. Empresas que querem ampliar ainda mais os benefícios conquistados por seus programas de RSE, ou mesmo, àquelas que desejam ingressar neste universo, não devem deixar de obter as vantagens de um programa institucionalizado de voluntariado.
Ser voluntário é, antes de tudo, acreditar que se pode vencer, não temer os desafios, suar a camisa em prol de uma causa. Um colaborador motivado, comprometido com a cultura da empresa, é condição fundamental para o sucesso das equipes, dos projetos, da empresa. Um cidadão motivado, comprometido com a sustentabilidade do planeta, é condição fundamental para o sucesso das comunidades, dos ecossistemas, do planeta.
Diferente do nosso herói canino, sua empresa não precisa correr riscos para trazer resultados eficientes em programas de RSE. O exemplo do cão nos mostra que grandes causas motivam ações em proporções colossais. Essas ações, entretanto, podem e devem ser planejadas, afinal, sua empresa pode não ter a mesma sorte daquele cãozinho. A concorrência pode ser implacável e atropelar sua empresa em meio às tentativas frustradas de ser socialmente responsável.
Com isso, o melhor é não arriscar. Ajude a construir um planeta melhor para as gerações futuras, mas de forma estratégica, consciente e, acima de tudo, efetiva – o Voluntariado Empresarial é seu aliado nesta tarefa.
Assim, penso que “para ser homem” seja preciso instinto, garra e vontade de agir, como o mascote chileno, mas também sabedoria e calma para minimizar os riscos de possíveis “atropelamentos”. Somente ações planejadas e bem articuladas com as necessidades dos diferentes indivíduos podem contribuir efetivamente para as mudanças globais que tanto buscamos.
Urgente – planeta precisa de voluntários com instinto e sabedoria. Início imediato.
Quem se habilita?
Fonte: Rede GIFE ONLINE
Heloisa Coelho é Diretora Executiva do Riovoluntário e Secretária Executiva do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial – CBVE.